Antes de abordarmos o tema sobre os dons do Espírito, precisamos definir duas capacidades que estão presentes em todas as pessoas, sejam crentes ou não. São os talentos naturais e as paixões. Isto é importante, pois, através destas duas capacidades naturais do ser-humano, você terá maior facilidade para descobrir também quais são os seus dons espirituais. Só depois disto, ou seja, após descobrir todo este “pacote” (talentos, paixões e dons) é que você saberá como atuar na sua área ministerial .
Todos nós nascemos com algum talento natural, isto é, aquela capacidade de fazer algo, com certa perfeição e com grande prazer, sem que alguém nos tenha ensinado muitas técnicas para exercê-lo. É claro que com o decorrer do tempo, você desenvolve este talento aperfeiçoando-o por meio de cursos e aprendizados técnicos mais apurados. Porém, aquela capacidade natural de fazer algo sem nenhum esforço permanecerá dentro de você, sempre estará lá, como uma habilidade que você não sabe exatamente de onde veio. Veja este exemplo bíblico: I Reis 7. 13,14 “Enviou o rei Salomão mensageiros que de Tiro trouxessem Hirão . Era este filho de uma mulher viúva, da tribo de Naftali, e fora seu pai um homem de Tiro que trabalhava em bronze ; Hirão era cheio de sabedoria, e de entendimento , e de ciência para fazer toda a obra de bronze . Veio ter com o rei Salomão, e fez toda a sua obra.”
Você pode ter um ou mais talentos. Há pessoas que possuem, por exemplo, o talento para desenhar, outras possuem o talento para escrever poesias, e ainda outros adoram e sabem lidar magistralmente com máquinas e motores, isto sem que alguém as tenha ensinado a gostar disso. De qualquer modo, todas elas desenvolvem suas atividades com grande desenvoltura e de maneira mais eficaz e competente do que alguém que não possui o seu talento.
Temos exemplos na História de pessoas que desenvolveram muito bem seus talentos naturais e se tornaram, por causa disto, notórios no cenário mundial:
- Pelé: Campeão do mundo de futebol aos 17 anos e considerado o atleta do século;
- W.A.Mozart: Compositor austríaco que compunha sinfonias já aos 7 anos de idade;
- Beethoven: Outro compositor que compunha sinfonias mesmo sendo surdo.
1. Deus e os talentos.
Em toda historia bíblica Deus usou os talentos de seus servos para cumprir a sua vontade, lembre-se que talento é uma aptidão natural que todo homem pode ter, sem ao menos ser cristão, eles não são espirituais, são capacidades humanas. Nós sabemos que Lucas, o médico, escreveu dois importantes livros da bíblia, o evangelho segundo Lucas e o livro de Atos dos apóstolos, Deus usou a capacidade de Lucas em ser um bom historiador para narrar os fatos de forma clara , inspirando o seu talento através do Espirito Santo . (Atos 1.1)
Deus usou os talentos naturais de Paulo. Nem sempre é claro para nós observarmos isso, mas Paulo sustentou seu ministério muitas vezes com o seu talento de fazer tendas. (Atos 18.3) , hoje isso serve de exemplo para milhares de missionários que são enviados a países muçulmanos como dentistas, médicos , e etc... Num projeto que leva o nome de “Fazedores de Tendas”. Cumprindo suas profissões , eles são missionários de verdade em países que sem elas (suas profissões) nunca entrariam. No livro dos reis de Israel vemos Salomão aproveitando todos os talentos possíveis, (nas áreas de ouro e de madeira) para a construção do templo, de forma a torná-lo belíssimo para a gloria de Deus. (I Reis 7.13 ) Há muitos exemplos de talentos aproveitados por Deus, tanto na bíblia, como na nossa historia, por isso queremos despertar você a pensar: O que você faz bem? Costura ? Escreve ? Joga futebol ? e ai , o que é ?
2- Suas paixões.
As paixões também são processos naturais que encontramos em qualquer pessoa. Estão ligadas a experiências agradáveis que nos deram, ou nos dão, algum sentimento de grande realização. São aquelas áreas da vida que mais nos atrai, aquelas que mais gostamos de lidar. Podem se manifestar quando iniciamos o trabalho de construção de uma casa, ao jogarmos uma partida de futebol, no conserto de um carro, ou ainda ao descobrir que adoramos surfar. Mas não se confunda, a paixão, apesar de semelhante, não é a mesma coisa que o talento natural. A paixão possui uma realidade mais abrangente, que abraça mais coisas que os talentos. Enquanto nos talentos você mostra o que sabe fazer de específico, na paixão você mostra em que área da vida mais gosta de atuar.
Digamos que você tenha grande paixão por surf, um esporte aquático, e até mesmo vai aos grandes circuitos mundiais apenas assistindo porque não sabe surfar. Na verdade, ao contrário de sua paixão, o seu talento é administrar empresas já que você possui uma.
Tal quadro parece contraditório, mas uma boa saída é exatamente usar o seu talento a serviço de sua paixão, isto é, através de sua empresa e de seu talento para administrar, você pode patrocinar e administrar uma equipe vencedora no surf. Mas também pode ser que, ao invés de ser um bom administrador, seja um bom escritor; deste modo, a melhor solução será, talvez, escrever artigos em jornais e revistas sobre o tema de sua paixão, se você for um programador, construir uma página na Internet que aborde os principais campeões da história do surf.
Na igreja pode ser que você adore crianças mas a sua habilidade não é ser um professor de escola bíblica, antes, você é um bom cozinheiro. É obvio que você terá melhor sucesso se cozinhar em trabalhos que envolvam crianças, pois esta é a sua paixão.
Veja que a paixão não muda, apenas os talentos. A paixão engloba muitas habilidades e aponta para o seu sentido mais afetivo, (de desejos e de sonhos) o talento para o seu sentido prático, (aquilo que você sabe fazer bem).
3- Talentos e paixões a serviço do ministério.
Neste ponto, fica mais fácil estabelecer um paralelo entre o seu talento e a sua paixão com o ministério que você poderia atuar na Igreja. Isto porque, quando você descobre o que sabe fazer bem e pelo que é apaixonado, a sua descoberta de uma função na Igreja se torna menos penosa, assim como o seu desempenho.
Normalmente, numa visão já ultrapassada sobre ministérios, o planejamento funcional de uma Igreja se dá através de um organograma, isto é, uma tabela constando os diversos ministérios, já definidos, e tentar, de qualquer jeito, encontrar alguém que queira assumir determinado cargo. Sendo que aqui, não interessa à Igreja nem mesmo saber do que a pessoa gosta de fazer ou pelo que é apaixonada na vida.
O resultado é evidente. Ao priorizar uma tabela de cargos e funções inúteis, sem levar em consideração a realidade histórica da pessoa, a probabilidade de o indivíduo e da Igreja se frustrarem será enorme. Além do mais, o desenvolvimento do ministério se dará de forma incompetente e arrastada, contando ainda com o grande perigo de ser cobrado pelo pastor e pela igreja. O pior de tudo, a pessoa passa a se sentir pressionada com a idéia de que, se rejeitar o ministério, estará rejeitando servir, e a não se dedicar a Deus devidamente.
Que horrível! Ou nos conscientizamos de que, o que fazemos para Deus deve ser algo que vem de dentro do coração, ou seremos eternos servos e servas frustrados e desapaixonados.
Conclusão.
Nossos talentos e paixões podem indicar em que ministério e em que área da Igreja podemos estar atuando. Também será importante, para completar este “presente”, que você Compreenda os dons espirituais para ativarem o seu serviço na Igreja de Cristo.