Texto base: I Co 12.12-27 - Sinergia é uma palavra ou termo de origem grega, synergia. Tem como sinônimo: união, coesão, entendimento e harmonia. É definida como um esforço simultâneo de diversos músculos ou órgãos para um mesmo resultado. Também se aplica ao entendimento de ideias e ações de um casal, uma família ou uma equipe, neste caso, a rede de mulheres ou uma igreja, onde havendo sinergia entre as partes envolvidas, para realização de uma tarefa, a conclusão será mais rápida e mais eficaz.
À luz da palavra de Deus iremos trabalhar este tema de forma sinérgica, visando o bem pessoal de cada membro, cada casal representado ou respectivas famílias, a rede de mulheres e a igreja como um todo, aprendendo a somar de forma positiva onde estivermos inseridos. Muitas vezes falamos ou ouvimos frases como estas: “Minha felicidade é fazer meu cônjuge ou minha família feliz!”, “Não busco o meu sucesso e sim, o de toda equipe!”, “Meu objetivo é o grupo e não eu!” Belas são estas declarações. Que bom se todos nós agíssemos visando o bem de todos. Entendermos que não somos uma ilha, mas fazemos parte de um grande continente. Ao buscarmos o consenso no relacionamento conjugal ou familiar, nas relações de equipes, como grupo de jovens, senhoras, ou a igreja, estaremos sem dúvida, buscando ou aplicando a sinergia, ou seja, harmonia, entendimento, coesão, união e nada impede aplicarmos as palavras cooperação e comunhão.
Deus é o maior exemplo de sinergia em todo universo. Ao criar-nos, Ele disse: Façamos o homem à nossa imagem, segundo a nossa semelhança. Ele poderia sem nenhum demérito dizer: Eis que faço o homem à minha imagem, segundo a minha semelhança, mas em tudo Ele nos deixou exemplos dignos de serem seguidos. Somos criados para fazermos parte de um conjunto chamado família ou sociedade. Ao nos esforçarmos para buscar a sinergia onde estamos, fazendo o bem, os resultados serão os mais promissores.
Podemos afirmar que sinergia, é uma força motriz, inserida numa ação conjunta de duas ou mais pessoas, ou vários agentes que trabalham numa mesma direção, buscando um único resultado. Uma ação isolada, raramente alcançará o êxito de um grupo coeso. O conceito sinergia nos remete àquela velha frase: A união faz a força. Todos nós temos uma energia, que se evidencia através da inteligência, força, habilidade, talento, dom, etc. Ao fazer a junção de duas ou mais pessoas, lutando por uma mesma causa, focados num mesmo alvo, é lógico que isto é sinergia. A rede de mulheres, bem como toda igreja, é uma grande equipe de trabalho em prol do reino de Deus. Temos o dever de entender que somos corpo, e este corpo é composto de vários membros e várias células. Toda célula ou membro não sobrevive fora do corpo, e enquanto no corpo, desenvolve a sua função, para estímulo ou vitalidade dos demais.
O apóstolo Paulo ao descrever o texto em apreço, mostra-nos a necessidade da união de todos, visando o bem da igreja, sob a tutela daquele que é a cabeça: Cristo. Pontuou sobre a importância de cada membro no corpo, tornando claro que aqueles que julgamos menos honrosos, a esses damos muito mais honra. Isto é um ensino para nos mostrar que no reino de Deus não há maiores e nem menores, superiores ou inferiores. Ao agirmos como corpo, aquele que muito sabe, deve ensinar ao que menos sabe; aquele que é forte, se necessário, carregue o que é fraco; o que muito tem, reparta com o que não tem, etc. Todos os membros, são de igual modo importantes no corpo. Assim como no corpo, onde há membros que parecem não serem úteis por não se movimentarem sozinhos, como a orelha, a sobrancelha, etc, também na rede de mulheres ou na igreja, existem membros que parecem não serem necessários pois precisam dos outros em quase tudo. É aí que novamente entra em cena a sinergia no corpo. Em vez de buscar a honra ou a glória para si ou para alguns, objetiva a vitória de todos. Não pode haver no corpo de Cristo, membros desprezíveis ou desprezados. Podemos até mesmo chamar como parâmetro o que disse Jeremias: “Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria; nem se glorie o rico nas suas riquezas; não se glorie o forte na sua força. Mas o que se gloriar glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o Senhor que faço beneficência, juízo e justiça na terra: porque destas coisas me agrado, diz o Senhor.” Jer. 9: 23-24. Quantas vezes, a alegria e a gratidão daqueles que não tem, ao receber daqueles que tem, sobe a Deus através da oração e do louvor, e ao ver isso, Deus se alegra e a alegria dele se transforma em mais forças para a igreja. Diante disso, agradeçamos a Deus pelos vasos que transbordam, e também pelos vasos que recebem, pois todos somos partícipes do mesmo corpo: Cristo.
Há vários exemplos de ação sinérgica na bíblia sagrada, tanto no campo positivo quanto no negativo. Em Êxodo 17.8-15 vemos Amaleque vindo contra Israel em Refidim. Enquanto Josué e os homens de guerra escolhidos, desceram ao vale para lutar, Moisés, Arão e Hur, subiram ao cume do monte, levando consigo a vara de Deus. Moisés levantava a vara e Israel prevalecia, e quando abaixava as mãos, Amaleque prevalecia. Ao verem isso, Arão e Hur colocaram uma pedra para Moisés sentar e um a direita e outro à esquerda ergueram as mão de Moisés até que Israel venceu totalmente a Amaleque. Que demonstração fantástica de sinergia positiva.
Quanto a exemplos de sinergia para o campo negativo, destacamos a construção da cidade e da torre de babel. Deus tinha ordenado aos descendentes de Noé, que eles frutificassem, multiplicassem, e enchessem toda a terra. Num acordo sinérgico, eles decidiram construir uma cidade e uma torre para servir de referência, para que não se espalhassem e em tese, era um ato de rebelião contra Deus. Ao ver tal ato, Deus disse: “Eis que o povo é um, e todos tem uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e agora, não haverá restrição para tudo que eles intentarem fazer.” Entra em cena novamente, a sinergia divina. “Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro. Assim, o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade.” Gn. 11.1-8. A junção de opositores a uma ação também é ato sinérgico. Precisamos fugir dos grupos que trabalham na contra mão do reino de Deus.
No velho testamento temos outros exemplos como: a queda dos muros e a tomada de Jericó; a reconstrução dos muros de Jerusalém, sob a liderança de Neemias; etc. Já no novo testamento, vemos os discípulos no templo em Jerusalém, aguardando a promessa do revestimento de poder. Estavam todos reunidos no mesmo lugar, coesos, em sinergia. Foi nesta harmonia que o Espírito desceu sobre eles. Após serem batizados com o Espírito Santo, perseveraram na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. Eram unânimes, manifestavam alegria e singeleza de coração. Louvavam a Deus e caiam na graça de todo o povo. Era neste cenário que Deus acrescentava à igreja as almas que haviam de salvar. Atos 2.42-47. Houve sinergia também entre Ananias e Safira, no campo negativo, para própria destruição dos mesmos. Atos 5.1-11.
Ao descortinar o que é sinergia, e ver o resultado tanto no aspecto positivo quanto no negativo, é hora de espelharmos naqueles que se uniram para o bem de todos e glória de Deus. Na rede de mulheres bem como na igreja, cada membro desempenhando a sua tarefa, segundo o dom ou a capacidade dados por Deus, visando um único objetivo, o reino de Deus, haverá crescimento, pois o próprio Deus se responsabiliza pelo corpo. Além do texto em apreço, podemos acrescentar outros como: Rm. 12.3-11; Ef 4.1-16, onde somos exortados a comportarmos como corpo, vivermos a unidade. Isto requer, humildade, mansidão, longanimidade, bondade, capacidade de suportarmos uns aos outros. Ao capacitar-nos para o exercício de liderança de grupos, quer maiorais de 10, 50, 100 ou 1000, não é para subjugarmos os demais, e sim; para que todo o corpo seja aperfeiçoado, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, que é a igreja. É preciso lembrar que a base fundamental para tudo isso é o amor. Não pode ser um sentimento leviano, voltado para os interesses baseados na fama, no ganho, massageio do ego, político, etc.
Não pode haver declarações de amor ou abraços, visando conquistar o visitante, sem o embasamento da verdade. Tem que ser o amor descrito em I Co 13.1-10. Se todos assim agirem, haverá a real sinergia ou comunhão. Isto será percebido nos céus e na terra. Haverá alegria, gozo, paz, unidade, companheirismo, e consequentemente gerará em todos o desejo de estarem juntos na mesma fé, no mesmo propósito, no mesmo amor, ou seja, plena comunhão. Aqueles que souberem que há tudo isso em nosso meio, se sentirão atraídos, cairemos na graça do povo. O próprio Deus se incumbirá de enviar as novas almas para a rede e para a igreja como um todo. Concluindo digo: Que Deus nos faça um em Cristo Jesus nosso Senhor, numa sinergia terra e céus.
Pr. Lúcio Ladislau da Conceição, Presidente da Cibiminas - Convenção das Igrejas Batistas Independente no Estado de Minas Gerais, 2016.