Marina de Oliveira, nasceu em 02/12/1923. Leia aqui trechos do seu diário autobigráfico e seja impactado pelo seu testeminho no serviço do Senhor. No ano de 1931 entrei para o Orfanato Betel de meninas em Porto Alegre, RS, tinha como diretora e “mãe” Lisa (Elisabet) Winderlich (Alm) (3/4/1895 - 18/10/1968), eu tinha 8 anos. Ali nessa casa foi a primeira vez que ouvi falar de Jesus, quando fui levada a primeira vez na igreja, na Escola Dominical e, eu fiquei encantada com os cânticos e as Histórias de Jesus, eu vivia ansiosa que a semana passasse depressa para poder estar na Escola Dominical.
E pelo dia de Natal, na madrugada, íamos para o culto matutino, era lindo e a noite era festa, roupa nova, tudo novo e presentes! Mas lembro-me que a cada Natal, nós crianças, ao ouvir o hino “Vem Jesus habitar comigo; em minha alma há lugar; ó vem já” era feito o apelo: quem quer dar lugar a Jesus no coração? Nós como crianças íamos à frente aceitar a Jesus, isto foi muitas vezes.
Mas quando já estava com 13 anos, pedi ao pastor para ser batizada, ele me olhou por cima dos óculos e disse: “Você é muito nova e não entende o que é o batismo...”Eu abaixei a cabeça e o diabo se aproveitou: “não precisa batizar, olha para os crentes, eles não são melhores que você! ” Eu abri bem os meus olhos e vi que não eram melhores, assim eu fui até os 19 anos dizendo: Se eles vão para o céu, eu também vou! Eles não são melhores do que eu...
Mas uma noite eu tive um sonho, o qual me tocou, sonhei que o diabo me colocou dentro de uma roda de pneu de carro, e ia me rolando morro abaixo e lá embaixo eu vi o inferno em fogo. Eu comecei a clamar: Jesus me Salva! Não me deixe cair no inferno! Nisto me acordei e pedi perdão, mas eu queria na igreja fazer esta confissão no domingo. Quando o pastor pregava, eu não me lembro do tema, mas tinha o maior desejo que na hora do apelo, se ele não o fizesse, aquela noite eu sairia infeliz! Mas foi feito o apelo e eu fui à frente soluçando, aceitei a Jesus como meu Salvador. Dia Feliz! Noite Feliz! Muito jovem cantava no Coral e Orquestra, os anos passaram, mas o meu desejo como pequena aluna na Escola Dominical era: quando eu crescer, eu quero ser como minha professora Érica, contar Histórias da Bíblia!
Acompanhada pelos missionários, Alfred e Elisabet Winderlich fui para o meu primeiro campo de atividade na Igreja em Santa Cruz do Sul, RS. Professora da Escola Dominical, ajudando em todos os cultos e em tudo que era possível, cultos ao ar livre, convidando, vendendo o jornal Luz nas Trevas e Bíblia, entregando folhetos.
De Santa Cruz do Sul fomos para São Paulo, lá estivemos alguns anos batalhando pela causa do Mestre evangelizando. Mas a chamada bem forte foi quando eu ouvi um testemunho de uma missionária que contava como Deus a chamou para o ministério, Isaias 6. Aquela noite eu comecei a ouvir: “a quem enviarei quem há de ir por mim...” Confesso que eu não gostei nada de ouvir, noite e dia estas palavras. Ligava o rádio e lá estava o pregador falando, fui em uma reunião de jovens numa igreja e a pregação era a mesma, até que caí de joelhos no meu quarto e disse bem depressa: “Eis-me aqui eu sou uma boba, mas se Tu me queres assim, eis-me aqui! ”
Levantei-me depressa para não ouvir a resposta. O domingo chegou, um irmão encontrou-me na entrada da Igreja e disse: Bom dia! E eu respondi: Bom dia! Então ele disse: “Eu quero falar com você, Deus falou-me que é para você começar uma Escola Dominical aqui na sede. ” Me assustei: “Eu? Mas tem tantos jovens que podem fazer. ” Mas ele disse: “É você! “ Dei mil desculpas, mas Deus falou em meu coração: é para isto que te chamei...
E começamos indo pelas ruas, tocando, cantando, contando histórias e fazendo convites para a Escola Dominica e Deus aprovou. Mas eu sentia que precisava de um preparo, comecei a orar a Deus. Ele ouviu-me imediatamente, domingo quando cheguei na igreja, recebi uma carta do Curso de Evangelização para Crianças, não custava nada e isto me ajudou muito Graças a Deus! Com isto as portas se abriram e viajei muito fazendo cultos nas tendas de Evangelização, cultos ao ar livre e muitas crianças e adultos aceitaram a Jesus como Salvador, Louvado seja Deus!
Mas não estava me sentindo realizada, meu coração desejava mais de Deus. Numa noite na igreja em São Paulo, tínhamos a visita de um missionário e ele sentiu de orar por aqueles que queriam o Batismo no Espirito Santo. Fomos eu e um grupo de irmãs para a reunião de oração e naquela noite Deus batizou-me com o Espirito Santo, Gloria a Deus! Aquela chama foi acendendo em ganhar almas para Cristo, quando eu cantava com uma irmã “Desejo ir aos campos da Seara, envia-me a mim meu Salvador...” Nós duas chorávamos, a irmã me perguntou: “Por que você chora? ” Eu disse: “ Eu só canto, mas eu quero fazer mais. ” E ela disse-me: “ Eu também quero” nós nos abraçamos e dissemos: “Eis-nos aqui” Não demorou muito, ela cursou o Seminário para trabalhar entre os indígenas, formou-se enfermeira, ela e o marido. Deus os usou maravilhosamente.
E logo o missionário sueco Alfred Winderlich (17/6/1926 – 17/03/1964) e sua esposa Elisabet convidaram-me para ir à cidade de Rolândia-PR. Não foi fácil, eu tinha bom serviço, muita amizade dentro e fora da igreja, amava o serviço na igreja. Mas Deus me chamava, eu disse sim, com lágrimas. O missionário disse assim: “ Nós não temos salário para te dar, só casa e comida... Então eu orei: “Deus se é para eu ir ao Paraná (Rolândia), a minha roupa não pode se acabar, nem meus sapatos, eu preciso é de saúde! ” Deus me abençoou em tudo e nada me faltou!
E fui para Rolândia, lugar bem diferente de todas as cidades que morei. Terra Vermelha, pessoas de costumes diferentes, a pobreza era muita, vícios, sujeiras, e tudo que era ruim. Começar tudo, não tinha igreja, os cultos eram feitos na casa do missionário, saía pelas ruas com acordeon, tocando e cantando, contando histórias da Bíblia e convidando as pessoas para as reuniões, não foi fácil. Mas pela Graça de Deus, vencemos! A tenda foi armada para evangelização pelos missionários Nils Peter Skåre (21/11/1914 – 1/7/200) e Lars Olof (Olavo) Berg (20/1/1919 – 8/2/2009). Eu quase não mencionei nomes para não se esquecer de ninguém, mas muitos nos deram estímulos. Morei 10 anos com os missionários, tive muitas alegrias, lágrimas, tristezas, mas Deus dava-me graça para continuarmos, muitas experiências agradáveis. Igreja pobre, mas Deus supria as necessidades maravilhosamente, compramos terreno, construímos igreja e casa pastoral, tudo foi maravilha de Deus. Muita coisa aconteceu nesses anos! A nossa denominação alcançou algumas cidades como Londrina, Arapongas, Tupinambá (distrito de Astorga) e outras.
Um dos fatos que aconteceram, o missionário ficou doente voltou para a Suécia e lá, Deus o levou. Todos os que o conheciam, choraram sua partida, mas a Obra continuou, vieram outros missionários. A sua esposa veio para o Brasil continuar o trabalho e fez o melhor que pode para preencher o vazio. Mas depois de alguns anos ela também adoeceu aqui no Brasil e Deus achou por bem chamá-la. Foi mais uma tristeza. Fiquei sozinha, logo depois veio mais uma missionaria ficou um tempo conosco, Deus a usou bastante pelo carinho e amor ao trabalho, ficamos como irmãs na carne, mas ficou doente e voltou à sua pátria, Suécia.
Lembro-me de crianças que vinham à igreja e sempre pediam oração pelo pai e mãe a cada culto, as vezes eles dormiam, mas não faltavam na hora dos pedidos de oração, acordavam e diziam: “Eu peço oração pelo meu pai e minha mãe”. Uma manhã muito cedo, eles chegaram chorando: “tia, tia o meu pai está no hospital, está morrendo, vem logo orar por ele”. E fomos imediatamente, chegando lá estava o pai José, com todo o corpo engessado até o pescoço e chorando nos disse: “Eu vou morrer, mas tomem conta da minha mulher e das crianças” e todos choravam, nós também choramos e oramos pela sua saúde. Haviam caído muitos sacos de café em cima de José, só no corpo, tinha amassado o homem. Mas o nosso Deus é Deus de maravilhas, Ele ouvia nosso clamor e curou José maravilhosamente! Para nossa surpresa, na mesma semana ele saiu do hospital e domingo estava na igreja com toda sua família – oito pessoas. Veio à frente no apelo e aceitou a Jesus com toda a sua família, eles foram uma benção um testemunho para muitas pessoas, Deus fez muitas coisas naquela cidade.
Agora chegou a minha vez de deixar Rolândia, fiquei muito doente, achei que já era o fim. Mudei para Curitiba para recursos médicos, fiquei na casa da minha irmã de criação, mas meu desejo era morrer, me achei sozinha e sem forças. Mas Deus tem os seus planos para conosco, passei por grande operação, sem esperanças por parte dos médicos. Mas Deus curou-me e continuei trabalhando para o Senhor, evangelizando pelo Paraná. Mas alguma coisa falava ao meu coração, fazia cultos evangelísticos para crianças e ia embora. Precisava preparar outros para continuar, mas neste tempo atacou minha coluna, foi horrível, fiquei quase imóvel. Fiz terapia, mas nada adiantava. Mas recebi uma carta convidando-me para este ministério, mas como eu iria viajar? Carregar malas, livros? Eu disse: Não posso ir, mas a missionária sueca Edite Järpehag (13/5/1948 - ) insistia que Deus tinha falado que era eu, então eu disse: Se é Deus, tem que me curar! Estive em um culto, não da nossa denominação, e a mensagem foi esta: peça o que queres! Pedi: “Deus eu quero cura! ” Deus tocou-me, não fiquei liberta mas agradeci.
Viajei até o Rio Grande do Sul (Esteio) para confirmar se iria aceitar, o inimigo não queria, fez tudo para me impedir, mas o pastor orou pedindo que Deus me dessa capacidade e, naquele culto, o Senhor me curou pela unção do óleo. Eu disse: Em Nome de Jesus eu vou! Viajei muitos meses visitando as igrejas e preparando professores, foi cansativo, mas Deus me deu saúde e sabedoria. Louvado seja Deus! Tive experiências gloriosas, muitas igrejas não tinham Escola Dominical, mas incentivamos a começarem.
E Deus me recompensou com muitas surpresas, morei muitos anos na casa dos missionários Nils Skåre e Ella Naemi Skåre (28/1.1922 – 25/71978). E, com o tempo. Deus me deu um doce lar junto à Igreja Batista Independente da Vila Rosinha (Na época congregação da IBI Curitiba) e queridos irmãos. Tenho dado meu tempo a esta congregação, Deus tem nos abençoado e cremos na grande colheita. Digo a todos irmãos e amigos, muito obrigado por vossas orações! Não posso deixar de agradecer aos amigos da Suécia, que me deram muita força para poder chegar até aqui!
Deus vos recompense por tudo! Isaias 1.8-9
Vossa em Cristo, Marina de Oliveira
A missionária Marina de Oliveira é membro da Igreja Batista Independente de Curitiba e atualmente mora na casa da IBI Vila Rosinha em Curitiba, Paraná. Copiado do texto autobiográfico “Meu Diário”, redigitado por Rafaelly