1Reis 18. 41-45 - Elias, vivendo o que nos parece o clímax de seu ministério, após expressiva vitória sobre Baal, divindade pagã que ostentava a chancela real de Acabe, vê-se de repente diante de um ponto neutro. Vai orar, encurvado, de joelhos, rosto rente ao chão, cheio de fé que aconteceria o que esperava... e NADA acontece. O profeta não desiste. Ele sabia que o Senhor existe. A fé não decorre do que se vê, mas é a convicção de fatos que ainda se não vêem. (Hebreus 11.1). Quando em nosso horizonte não há sinal algum; quando "nada" acontece, mesmo ainda que nosso rogo parta de uma alma encurvada, lembrando a figura de um arco de flecha; mesmo sabendo que a "flecha" lançada dessa posição promete ir mais longe, "nada" se mostra. Há um vácuo.
O mensageiro de Elias volta uma vez. Volta seis vezes com a mesma resposta. Se ele volta é porque foi. Foi a mando do profeta. Elias espera... Esperar não é sinônimo de desistência. A distância no Carmelo entre o local da oração e o ponto de observação com foco para o mar não conhecemos, mas o tempo de espera pode parecer mais longo do que o cronológico. Não importa... "Se tardar, espera-o [...]" (Habacuque 2.3). O livro de Habacuque, do 7º século a.C., tem 3 capítulos, 56 versículos e encerra aproximadamente 17 perguntas, ou perto de um terço de seu conteúdo. Algumas vezes perguntamos. Perguntar POR QUE demoras Senhor? parece não incomodar o nosso amado Deus! O Senhor Jesus na sua humanidade perguntou "Por quê?" exatamente no vácuo que sofreu no calvário (Mateus 27.46).
Se reverentemente inferirmos alguma pergunta de Elias, seria somente possível na raiz de sua convicção da proximidade da chuva: "Então disse Elias a Acabe: Sobe, come e bebe, porque já se ouve ruído de abundante chuva" (1Reis 18.41). Do ruído de abundante chuva para "nada"!... No seu Kayros (o tempo de Deus) ele trabalha para nós. Creiamos! Ninguém de nós pode sair pior do que chegou no "Carmelo" da espera...Aleluia. Saímos mais amadurecidos, cristãos menos de superfície mais de profunda certeza de que "Deus existe e é galardoador dos que o buscam".
Concluamos nossa meditação lembrando que o autor da carta aos Hebreus faz uma singular referência a patriarcas que "morreram na fé sem terem obtido as promessas"; viram-nas porém de longe e isso lhes bastou para a maior de todas as profissões de fé: confessaram que eram "estrangeiros e peregrinos sobre a terra [...]" (Hebreus 11. 13). Por volta do ano 64, d.C., numa prisão úmida cavada numa rocha em Roma, à luz de uma candeia alimentada a óleo, está o mais dinâmico e ilustre dos apóstolos (Paulo). Ele redige, como se afirma, sua derradeira carta, de um mínimo de treze. As janelas para o mundo lhe estão fechadas. Aguarda a sentença que Nero mais cedo ou mais tarde emitiria. Reconhecia que o tempo de sua partida estava próximo do fim (foi decapitado por ordem do imperador). É inegável a curva descendente! ... Todavia, ao invés de emitir qualquer som de desalento, sua alma ensaia o cântico de vitória: "Sei em quem tenho crido, e estou certo que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia" (2Timóteo 1.12).
O CLÍMAX DA FÉ,
É NÃO DUVIDAR ...
SE "NADA" HOUVER,
E SE DEUS "TARDAR", ESPERA-O...
QUEM POR NÓS TRABALHA
A SEU TEMPO VIRÁ,
NO MOMENTO DO "VÁCUO",
CONFORTAR.
Pr. Pedro Mendes, Fevereiro/2015.