Este tema, que através dos tempos sempre tem motivado muitas indagações, agora, nos últimos dias, tornou-se mais palpitante: o Vaticano, há pouco, divulgou um documento em que afirma ser a Igreja Católica Apostólica Romana a única verdadeira Igreja de Cristo na terra. Sem a finalidade de polemizar, nossa reflexão pretende tão-somente destacar algumas características da Igreja Cristã, conforme as encontramos nas páginas do Novo Testamento, a partir do dia de Pentecoste. Podemos alistar, com relativa facilidade, as seguintes:
- Uma Igreja constituída de pessoas que aceitaram a Cristo como Salvador e Senhor e isto inclui arrependimento, fé e conversão (At 2.37-42; 1 Ts 1.8-9).
- Uma Igreja cujos membros confessam o nome de Jesus Cristo e, na base dessa confissão pessoal, são batizados, expressando, dessa forma, que “morreram” para o mundo e “ressuscitaram” para uma nova vida em Cristo (2 Co 5.17; Rm 6.4; Cl 3.1-4).
- Uma Igreja que, vivendo na Nova Aliança, não mais está debaixo de preceitos do Antigo Testamento, isto é, tudo aquilo que era como “sombra” apontando para o Novo Testamento. Alguns tópicos-exemplos: A) Não há mais sacrifícios de animais; B) O sacerdócio segundo o modelo antigo está abolido; conseqüentemente não há mais sacerdote daquele sistema. O verdadeiro sacerdote, Jesus, já veio e ofereceu-se a si mesmo, como Cordeiro de Deus (Hb 8.1-6; Ap 5.9; Jô 1.15). Todos os crentes em Jesus são, agora, sacerdotes __ mas num sentido diferente, pois oferecem sacrifícios espirituais (1 Pe 2.5; Rm 12.1).
- Uma Igreja que busca viver, enquanto neste mundo, de acordo com os ensinos da Palavra de Deus. Para os verdadeiros cristãos, a Palavra -- a Bíblia – tem autoridade e é regra de fé e prática. Nenhum concílio ou organização religiosa é superior à Palavra, quer dizer, às Escrituras Sagradas (Jô 5.39; 2 Tm 3.14-18).
- O único e verdadeiro “chefe” da Igreja é Jesus Cristo, Senhor e cabeça da Igreja (Cl 1.18; Ef 1.20-21). Quanto à necessidade de liderança humana, Deus mesmo tem constituído pessoas, através de seu “chamado”, para exercerem seus ministérios (Ef 4.11-12). Trata-se de líderes, reconhecidos pela Igreja, sob uma variada titulação, mas sem a idéia de um “chefe” sobre o rebanho (1 Pe 5.1-4). E a própria história eclesiástica, indubitavelmente, mostra que, até o 5º século d.C., o conceito de um “Papai”, representado na pessoa do “Bispo de Roma”, era inaceitável pelas demais comunidades cristãs. Daí porque o cisma que começou no século IX, e culminou no século IX, separou, definitivamente, as Igrejas orientais (ortodoxas) do cristianismo ocidental. Aquelas não reconheceram a autoridade papal.
- A Igreja Cristã, nos tempos apostólicos, não proibiu o líder eclesial (bispo, presbítero, etc) de ser casado, embora as palavras de Jesus, registradas pelo evangelista Mateus, possam ser interpretadas no sentido de que a renúncia ao casamento poderá servir ao Reino de Deus (Mt 19.12; 1 Co 7.12). Entretanto, leia-se 1 Timóteo 3.1-5!
- A Igreja Cristã, em seu culto, só adora a Deus, na pessoa de Jesus Cristo – único mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2.5). Nenhum outro nome deve ser mencionado, nenhum “santo” entra em cogitação nesse ministério, pois somente Jesus tem essa prerrogativa (Hb 7.25).
- Finalmente, a Igreja Cristã, segundo o modelo do Novo Testamento, não se compromete com ideologias políticas, pois é um organismo essencialmente espiritual. Onde e sempre que puder, coopera para o bem comum da sociedade – mas não confunde as esferas de atuação. “A César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Quer dizer: a Igreja não é e não pode ser administrada politicamente! E sua missão é bem definida: pregar o Evangelho em todo o mundo e, dessa forma, conduzir as pessoas a Cristo.
Assim, com tais características diante dos olhos, de acordo com o ensino do Novo Testamento, não será difícil reconhecer qual é, e onde está a verdadeira Igreja Cristã! Você, amigo leitor, já faz parte dela?
Pastor José Tomaz R. Lima, Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. - matéria publicada no Jornal Luz nas Trevas, edição 882 - setembro de 2007