Conflitos acontecem, mesmo quando não planejamos. Mesmo cristãos maduros podem estar envolvidos em conflitos (internos e externos). Em qualquer grupo social ou ambiente, podem ocorrer conflitos. Basicamente os conflitos ocorrem por diferenças entre as expectativas e a realidade. Eu diria, até, que os conflitos são normais. O grande segredo não é não ter conflito, mas como você os resolve proativamente, levando em conta a missão dada a nós. O livro de Atos, e outros, narra conflitos entre Paulo e Barnabé, Paulo e Pedro, Pedro e os líderes fariseus, Paulo e João Marcos, enfim, foi necessário inclusive um Concílio para resolver um grande conflito. Nesta lição, apresento algumas recomendações para resolver a contento os conflitos.

A paixão cega a razão. Nesta história específica tanto Barnabé quando Paulo estão certos, ambos tem em vista o mesmo propósito, a mesma paixão pela obra do Senhor, no entanto, não abrem mão dos seus pontos de vistas. O lado positivo desta situação é que embora num primeiro momento tenha sido impossível continuarem juntos Paulo e Barnabé formaram duas equipes, uma indo para cada lado, mas ambas trabalhando debaixo da vontade do Senhor. Sim, nem sempre é possível andar junto (Amós 3.3). No entanto, Deus nos surpreende quando permite esta divisão. Deus conhece o coração humano e de uma forma muito especial trabalha nos corações para que aprendamos a superar os nossos conflitos.

O pecado gerou problemas nos relacionamentos (TRIPPE, 2011, p. 41 e 42). O problema central é o EGO humano. Inflamado, autônomo, ensimesmado e voltado apenas para satisfação dos desejos da alma, que leva o homem a rejeitar a Deus e sua vontade. Com isso o homem luta para prevalecer nos seus próprios direitos.O coração dominado pelo pecado exige que outros sejam submissos e sujeitos aos seus pontos de vistas. É como se pensássemos que todo mundo deve nos servir. Pior ainda, é que nos julgamos acima dos outros, melhores, mais justos, mais santos. O que nos leva a ampliar as zonas de conflitos.

Cada conflito externo, no fundo apenas revela nossos conflitos interiores, que precisam ser resolvidos em nós, antes de serem resolvidos no outro. Muito embora Deus permita que haja conflitos, ele também permitirá que soframos as consequências das nossas escolhas. Ao retratar este conflito Deus espera que possamos ser totalmente dependentes dele para resolver os conflitos. Há situações que o melhor é a simples divisão; mas há outros que Deus requererá de nó maior empenho para conviver juntos. Em todo o caso, tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus, pois de uma forma ou de outra, O Senhor não perde o controle da sua obra e trabalha nos corações.

Deus permite os conflitos para transformar nossos corações. Os nossos personagens centrais, Paulo e Barnabé, são opostos. Barnabé é uma pessoa que acredita no potencial do outro, paga o preço para ver a restauração, é paciente, conciliador e consolador. Paulo, é cheio de lógica, racionalidade, praticidade e focado no resultado. Ambos estão certos e errados ao mesmo tempo. Não cedem, mas não deixam de fazer a Obra. Somos vítimas de nós mesmos. Quando os nosso caráter e talento são usado sem a devida submissão ao Espírito Santo, tendemos a ser divisores ao invés de agregadores. Um segredo na hora do conflito, é pensar sobre o que se fala. Muitas são as marcas negativas do que se falou numa hora de conflito.

Deus tem trabalhado no seu povo mesmo em conflitos. O Espirito Santo, trabalha estimulando o amor e a humildade, visando o nosso crescimento e maturidade. De uma forma que não compreendemos Deus trabalha a unidade na diversidade. Devemos ser capazes de amar mesmo quando racionalmente estamos corretos sobre a falha do outro. Com amor de Cristo, podemos olhar além e apesar da falha. Eu costumo citar que amar o próximo como eu me amo, até que não é difícil; agora amar como Cristo me ama? O cristão deve amar como Cristo ama. Eis o grande desafio. É assim que Deus usa os conflitos que estivermos envolvidos, para nos levar a humildade, isto é, não sermos mais do que realmente somos. A falta de humildade, permite que entre irmãos apareça o orgulho e a vaidade e o resultado são as divisões e inimizades.

Devemos levar em conta o trabalhar de Deus. Deus zela pela sua obra e apesar de nossos conflitos, a sua Igreja avança. No seu trabalhar, Deus nos ensina o valor do perdão e da restituição. O foco de Deus nunca é a nossa falha (pecado), mas a transformação do pecador. Do mesmo modo Deus esteve trabalhando no coração de todos os envolvidos neste conflito (Paulo, Barnabé e João Marcos), Deus trabalha na cura dos nossos relacionamentos, através da sinceridade e do arrependimento.

Nos conflitos, nossas fraquezas e debilidade se sobressaem, ficam perceptíveis a todos. É por isso que nos apegamos aos nossos argumentos. Posteriormente, Paulo compreendeu que a Igreja não funciona do jeito dele, que se quisessem fazer a obra precisaria aprender a lidar com suas fraquezas, trazendo-as sob o controle do Espírito Santo. Ele compreendeu que apesar das suas fraquezas, a graça do Senhor é o suficiente.

E isso produziu bons resultados sobre o ministério de Paulo, a ponto de ensinar a Igreja da Tessalônica a resolver os conflitos entre eles no Senhor (1Ts 5.14-18). O mesmo Paulo nos ensina na carta aos Romanos, a sermos pacientes e renunciar à vingança. (Rm 14)

Deus permite os conflitos para nos santificar. Através dos conflitos Deus está trabalhando com os nossos pecados. Mesmo fazendo a obra com toda dedicação, podemos estar pecando. Nem sempre conseguimos perceber no momento o nosso pecado, mas no fundo, ele está presente. Portanto diante dos conflitos, pergunte ao Espirito Santo se você não está se agarrando a algum pecado. Diante de um conflito, você pode: fugir, atacar ou pacificar. Duas saídas são negativas e até mesmo a pacificação nem sempre resultarão em vitória.

Se quer mesmo resolver proativamente um conflito, você precisa contar com ajuda do Espírito Santo, para resistir a sua inclinação natural de atacar ou de fugir. Em seguida, precisa que o Espírito Santo te capacite para colocar em prática os princípios do evangelho, visando uma pacificação positiva. Lembre-se que a natureza humana está trabalhando energicamente em todas as pessoas envolvidas em um conflito (Tg 4.1) –

Depois que o “circo pega fogo”, não adianta procurar um culpado, é necessário a clareza do Senhor para pacificar um terreno conturbado. Invariavelemente desfocamos nossos olhos do problema para as pessoas. É da natureza pecaminosa do homem apontar um culpado. É difícil reconhece que a causa do conflito somos nós mesmos e não necessariamente o outro. Para o apóstolo Tiago, a fonte do conflito não está em algo que me falta ou algo de que eu preciso, mas sim naquilo que desejo, nos meus prazeres e deleites. Um conflito nunca é marcado por uma falta mas por um excesso. Sempre haverá pecado em nós a ser revelado, confessado e abandonado aos pés de Cristo. Antes de procurar o cisco no olho do seu irmão, sonde o seu coração!

CONCLUSÃO

Num conflito, quem tem razão é o que menos importa. Diz-se que “em um hospital de campanha depois de uma batalha é inútil perguntar a um ferido se tem colesterol, quando é mais urgente e necessário curar as feridas da guerra”. O julgamento vai além da compreensão humana. Nem por isso a desavença entre Paulo e Barnabé são exemplos positivos. Na leitura completa dos escritos de Paulo vemos que no fim tudo deu certo. Mas isso poderia ter acabado de outra forma. Portanto um conflito sempre trará um risco, sempre deverá ser administrado sob a direção do Espírito Santo e somente a graça e a misericórdia de Deus poderão pacificar os corações envolvidos. Do ponto de visto humano, os conflitos tendem a destruição. Somente Deus, com seu poder e glória pode transformar o divergente em convergente!

                                                                                                

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

JANZEN, Ernst Werner. Conflitos: Oportunidade ou perigo? Curitiba: Editora Esperança, 2007.

POIER, Alfred. O pastor pacificador: Um guia bíblico para a solução de conflitos na igreja. São Paulo: Vida Nova, 2011.

TRIPP Paul e LANE, Timothy. Relacionamentos: Uma confusão que vale a pena. São Paulo: Cultura Cristã, 2011.

SANDE, Ken. O pacificador. Rio de janeiro: CPAD, 2011.

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