Na Bíblia há alguns exemplos de duplas em discipulado. Entre eles, para mim, o maior caso de sucesso, do qual podemos aprender alguns princípios, é com Elias e Eliseu. Num processo de discipulado sério, profundo, tudo deve começar com a prática de andar junto e auxiliar. O normal é que o discipulador seja um pouco mais experiente e que seja auxiliado pelo discipulando (aprendiz) no exercício de seu ministério como forma de treinamento, para que, no tempo oportuno, o discípulo se torne também um mestre.
Das várias correntes de discipulado existentes, aprecio modelos que transformam conhecimentos em prática de vida. O discipulado é um processo no qual um homem de Deus ajuda outro a se alinhar com o propósito de Deus para sua vida na Terra e capacita-o a fazer o mesmo com outros, ou seja, transfere conceitos de vida. O processo de discipulado foi tão eficiente que momentos após Elias ter sido levado, Eliseu, já sai praticando tudo o que viu e aprendeu. De fato, Eliseu herdou e continuou o ministério de Elias em alto estilo. O discípulo superou o mestre. A Bíblia documenta que Eliseu fez exatamente o dobro de sinais e prodígios registrados do que Elias.
Sempre que Deus une pessoas, é para um propósito. O discipulado é um relacionamento onde há transmissão de vida para o cumprimento do propósito de Deus. Recebemos a unção dos nossos líderes. Quem anda com os sábios será sábio, mas o companheiro dos insensatos se tornará mau (Pv 13.20). Em Nm 11.16-17 podemos ler sobre este princípio de forma clara: Deus usa pedras para edificar o altar (Ex 31.1-5); hoje nós somos estas pedras-vivas, que precisam ser lapidadas por Deus para edificação do seu tabernáculo (que é o nosso corpo, o templo do Espírito). A lapidação é um processo que produz o quebrantamento que Deus espera para cada um de nós. Sem quebrantamento não há revelação da perfeita e soberana vontade de Deus. Entre os princípios que podemos destacar da relação entre Elias e Eliseu, podemos destacar:
1 - Fidelidade e lealdade - Relacionamentos só podem ser edificados quando há fidelidade e lealdade, uns para com os outros e todos com Deus e Cristo. A oração de Jesus por seus discípulos, foi para que todos fossem um (Jo 17.21). Quem é fiel é leal: guarda, protege, cuida, se torna comprometido. E isso deve ir além da palavra, deve incluir respeito, admiração, honra e apoio apesar das diferenças pessoais. as pessoas fiéis, além de leais, são íntegras, isto é suas motivações são baseadas nos valores do Reino de Deus, fluem de dentro para fora, tem como base os valores eternos e não os passageiros.
2 - Confiança – As nossas obras são testadas pelo fogo das provações. Discipulado é um tempo de aprovação, dai a necessidade de confronto e prestação de contas. Somos aprovados na provação, através dos testes de Deus.(1Co 3.10b, 12-15).
3 - Transparência. Somente com transparência é que a prestação de contas é efetiva. É preciso que o tempo todo haja a possibilidade de que a prestação de contas ocorra num ambiente de liberdade e totalmente sem manipulação.
4 - Disposição. É o discípulo que vai atrás. E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo. Discípulo é o que procura, é o que segue. Se o discipulador tiver que ficar indo atrás, este ainda não é discípulo, ainda está na consolidação.
5 - Fome e sede de Crescer – No relacionamento de Eliseu e Elias no relacionamento dos dois, percebe-se claramente que Eliseu deseja tudo o que Elias tem para lhe dar. Diz o ditado popular que a "a sua fome determina o tamanho do que você vai receber". Eliseu quis ter o dobro da unção de Elias. É importante querer, desejar, almejar, buscar e receber. (Lc 11.10).
6 - Compromisso. O discipulado tem um preço, que é baseado no quanto eu estou disposto a me sacrificar para alcançar algo. quem não tem compromisso, não prioriza, não corresponderá e não alcançará o desenvolvimento do seu potencial. Sem compromisso, a obra não avança.
Quando Eliseu pede a Elias a unção dobrada, a resposta de Elias foi: "Dura coisa pediste". Elias sabia o quanto custou o seu ministério, como sofreu com as perseguições, lutas e trabalho. E o seu pedido seria exatamente tudo o que ele viveu em dobro. Unção dobrada... Trabalho dobrado. E foi exatamente o que aconteceu, Eliseu realizou o dobro de milagres de Elias, conforme a relação abaixo:
Veja como Deus usou ELIAS:
- Com sua capa abriu o rio Jordão (2 Reis 2.8)
- Profetizou uma grande seca (1Rs 17.1; Tg 5.17)
- Aumentou o azeite e farinha da viuva (1Rs 17.14.16);
- Deu vida ao filho da viuva (1Rs 17: 21-23)
- Destruiu o altar de Baal (1Rs 18:36-38)
- Decretou o fim da seca (1Rs 18: 42.45)
- Ungiu Eliseu profeta em seu lugar (1Rs 19: 16)
- Desarmou os siros diante de Israel (1Rs 20:28)
- Lavrou a sentença do rei Acabe (1Rs 21:19. 20)
- Profetizou a sentença de Jezabel (1Rs 21:23)
- A morte de Acazias (2Rs 1:3. 4.6);
- 102 homens são consumidos pelo fogo (2Rs 1:10. 12);
- Profetizou a ruína e morte de Jorão rei de Judá (II Cr 21:12-20).
Veja como Deus usou ELISEU:
- Abriu o rio Jordão (2Rs 2:14):
- 42 adolescentes despedaçados por duas ursas (2Rs 23. 24)
- Sarou as águas de Jericó (2Rs 2:22-23);
- Providenciou água a três Reis (2Rs 3:15, 16, 20):
- Aumentou o azeite da viuva (2Rs 4: 6, 7):
- O filho da sunamita (2Rs 4:14 16,17):
- Ressuscitou o menino (2Rs 4:19, 35);
- Tirou a morte da panela (2Rs 4:41):
- A multiplicação dos pães (2Rs 4:42-44);
- Curou Naamã da lepra (2Rs 5:14);
- Profetizou a lepra em Geazi, seu auxiliar (2Rs 5:27);
- Fez nadar um machado (2Rs 6.6,7);
- Revelou ao rei de Israel o esconderijo dos siros (2Rs 6:9, 12);
- Deu visão espiritual a Geazi (2Rs 6:17);
- Cegou o siros (2Rs 6.18);
- Devolveu-lhes a visão (2Rs 6:20);
- Livrou-se da morte por revelação divina (2Rs 6.31,32);
- Previu alimentação ao povo de Samaria (2Rs 7:1, 18);
- Sentenciou Ben Hadade à morte (2Rs 8:10,15);
- Profetizou o mal que Hazael faria a Israel (2Rs 8:12; 10:32);
- Ungiu Jeú rei de Israel (2Rs 9:1-3,6);
- A vitória de Jeoás (2Rs 13:17, 19,25);
- Sentenciou a morte de um capitão incrédulo (2Rs 7:2, 19,20);
- Anunciou uma seca por sete anos (2Rs 8.1);
- A derrota dos moabitas (2Rs 3.18,24);
- Depois de morto, os ossos de Eliseu ressuscitaram um defunto (2Rs 13.21).
Para um discipulado efetivo, é necessário superar obstáculos e tomar posição. O inimigo tentará de tudo para impedir que este processo se realize, mas o segredo é se esforçar e continuar focando na vontade e direção de Deus.