6.1,2 — Os inimigos de Neemias, percebendo que a oposição às claras não tinha funcionado e que a obra estava perto de ser concluída, sugeriram uma reunião. O vale de Ono situava-se a cerca de 30 Km a noroeste de Jerusalém. De alguma forma, talvez por uma palavra vinda do Senhor, Neemias foi avisado das intenções de seu adversário.
6.3-6 — Uma carta aberta: naquela época, uma correspondência endereçada a um líder deveria ser dobrada em uma bolsa de seda e selada. Além disso, teria de ser aberta apenas pela pessoa a quem ela tivesse sido enviada. A carta aqui, no entanto, teve exibição pública. Nela, o povo judeu foi acusado de querer rebelar-se.
6.7 — A evidência usada para acusar Neemias de rebelião foi uma afirmação de que os profetas tinham proclamado Neemias rei. Zacarias havia profetizado a chegada de um rei (Zc 9.9). Com toda a atividade de reconstrução do muro, o povo poderia estar falando sobre o que Zacarias tinha declarado. Os inimigos de Neemias ameaçaram levar o assunto ao rei da Pérsia, usando essa ameaça como alavanca para forçar Neemias a atender o encontro proposto. Embora verdadeiramente não tivessem nenhuma intenção de dirigir-se ao rei (Ne 6.9), os opositores esperavam que suas ameaças arruinassem a reputação de Neemias e, assim, os trabalhadores perdessem sua determinação.
6.8,9 — Neemias não se permitiria desviar do seu objetivo. Ao contrário, entregou ao Senhor as acusações de seus inimigos (SI 31.13,14). Seus adversários queriam enfraquecê-lo; então, ele orou a fim de que Deus o fortalecesse.
6.10 — Obviamente, Semaías era um sacerdote. Com a visita de Neemias, propôs ao governador que eles entrassem no Lugar Santo para se protegerem de assassinos. Sua sugestão foi que Neemias fugisse para dentro do santuário. Era legal para um israelita procurar refúgio junto ao altar do lado de fora do templo (Ex 21.13,14), mas apenas o sacerdote podia entrar no Lugar Santo. Os inimigos de Neemias estavam tentando- o sutilmente. Se pudessem fazê-lo cair em pecado, Neemias e seu trabalho ficariam desacreditados. Então, o povo deixaria de segui-lo, e o trabalho no muro seria interrompido.
6.11-16 — Deus concedeu a Neemias sabedoria para discernir o erro no conselho de Semaías. Tobias e Sambalate eram os principais instigadores por trás de Semaías. Neemias, com indignação, rejeitou o conselho do sacerdote por duas razões: primeiro, porque um homem como ele não deveria fugir. Neemias era o governador, um líder do povo. Ele tinha responsabilidades para com o rei e, principalmente, para com o Rei dos reis. Uma pessoa de sua posição não poderia fugir nem esconder-se com medo. Segundo, Neemias recusou-se a ir ao templo para salvar a sua vida porque a Lei o proibia de entrar no Santo dos Santos sob pena de morte (Nm 18.7).
6.17-19 — Aqui temos uma nota de acréscimo. Parece que, durante a construção do muro, várias cartas pessoais tinham sido trocadas entre alguns nobres de Judá e Tobias. Este e seu filho Joanã tinham casado com mulheres judias. Alguns dos nobres contavam as bondades de Tobias a Neemias e, então, relatavam a Tobias tudo o que ficavam sabendo do governador. Com essas cartas, eles esperavam apanhar Neemias em uma armadilha com suas próprias palavras ou intimidá-lo.