Neemias 4
4.1 — Ardeu em ira, e se indignou. Como se Sambalate acendesse a ira.
4.2 — Sambalate reuniu os homens do exército de Samaria, sua milícia local, e, então, debochou do povo judeu com perguntas sarcásticas. Estes fracos judeus: o verbo do qual o adjetivo fraco é derivado é usado em relação a mulheres que não podem mais ter filhos (1 Sm 2.5), a um pescador cuja pescaria falha (Is 19.8) e aos habitantes de uma terra derrotada (Os 4.3).
Sacrificarão? Acabá-lo-ão num só dia? Vivificarão dos montões do pó as pedras que foram queimadas? Sambalate vertia desprezo sobre o povo judeu e seu Deus. Ao falar sobre vivificar as pedras, ele faz referência ao fato de que as pedras do antigo muro haviam sido queimadas. Quando a pedra calcária é submetida a calor intenso, tornase inadequada para a construção.
4.3 — Tobias, o ajudante de Sambalate (Ne 2.10,19), levou a zombaria (v.2) deste ainda mais além. Tobias declarou que, se uma pequena criatura, como uma raposa, pulasse no muro, ele cairia devido à sua frágil construção.
4.4,5 — Neemias não respondeu aos seus oponentes (v.2,3). Em vez disso, orou para que o Senhor os perdoasse. Ele acreditava que, quando o povo de Deus estivesse envolvido no trabalho divino, qualquer ataque contra ele seria uma afronta a Deus. Nesse caso, desprezar os trabalhadores judeus era ignorar o próprio Senhor.
4.6 — Neemias voltou a trabalhar imediatamente, e o povo, cujo coração se inclinava a trabalhar, acompanhou-o.
4.7,8 — Como o sarcasmo dos oponentes de Neemias não interrompeu o trabalho no muro, eles tentaram uma ameaça de ataque. A princípio, a oposição partiu de duas pessoas (2.10) e aumentou para três (2.19). Posteriormente, uma multidão cercou Jerusalém. Sambalate era sarnaritano. Samaria localizava-se ao norte de Jerusalém. Os arábios eram do sul, e os amonitas, do oriente. Já os asdoditas provinham do ocidente.
4.9 — Antes desse versículo, as orações registradas no livro de Neemias são individuais. Esta foi uma oração em grupo. O espírito de Neemias havia afetado o grupo inteiro de trabalhadores, os quais não só oraram como também colocaram uma guarda e fizeram o que era humanamente possível para se protegerem de ataques.
4.10 — Nessas circunstâncias, alguns dos trabalhadores se sentiram desencorajados. A construção do muro estava pela metade (v.6), mas a tarefa estava sendo executada. As palavras dos cansados acarretadores são como uma canção ou um poema no texto hebraico.
4.11,12 — Enquanto os trabalhadores judeus se desencorajavam (v. 10), a oposição intensificava-se. Os adversários deram início a uma campanha silenciosa entre o povo judeu para interromper a construção do muro. Esses inimigos usaram o medo como arma e o povo judeu para fazer seu trabalho sujo.
4.13 — Pus guardas. Como não existia um exército judeu, o povo tinha de defender-se de outro modo. Neemias posicionou estrategicamente homens no muro. Dos lugares altos, eles podiam avistar a aproximação inimiga. Outros defendiam os lugares baixos do muro.
4.14,15 — Aos nobres, e aos magistrados, e ao resto do povo. A estratégia de Neemias era direcionada tanto aos líderes quanto aos leigos. Dessa forma, toda a comunidade tomaria posse dos mesmos ideais.
Pelejai pelos vossos irmãos. Neemias lembrou aos judeus que eles não eram soldados mercenários ganhando salários ou esperando por despojos. Não só a vida desses estava em perigo, como a de seus queridos também. Deus respondeu às orações de Neemias, e o povo, sentindo-se inspirado por suas palavras sábias, voltou às suas atividades.
4.16-18 — Neemias equipou os trabalhadores e dividiu seus próprios moços em dois grupos: uma metade trabalhava no muro; a outra ficava de guarda. Como precisavam das duas mãos para trabalhar, as espadas deles ficavam penduradas na cintura. Os que carregavam os cestos de entulho na cabeça seguravam suas armas com uma mão e, com a outra, apoiavam a carga.
4.19,20 — Neemias instituiu um sistema de alarme para aqueles que trabalhavam no muro. Aparentemente, os trabalhadores ficavam espalhados pela extensão do muro e tão separados uns dos outros que a voz de um não alcançava o outro. Por essa razão, um tocador com uma trombeta de chifre acompanhava Neemias aonde quer que ele fosse. Caso o muro fosse atacado, o alarme reuniria rapidamente todo o povo no lugar de perigo. O nosso Deus pelejará por nós. Essas palavras despertaram o espírito do êxodo (Nm 10.1-10). O Altíssimo havia lutado por seus ancestrais e, agora, lutaria por eles.
4.21-23 — Neemias instituiu um plano de trabalho e de guarda de 24 horas. O povo trabalhava durante o dia e ficava de guarda à noite. Os trabalhadores que moravam fora da cidade foram solicitados a permanecerem nela, ao invés de voltarem para casa. A não ser para se lavarem, Neemias e seus homens nunca tiravam suas vestes. Eles trabalhavam dia e noite. O capítulo quatro ilustra três tipos de oposição a Neemias e ao povo de Jerusalém: oposição pela zombaria, pela ameaça de ataque e pelo medo. Neemias ignorou a zombaria; ele orou e persistiu. Enfrentou a ameaça com oração e pôs homens de guarda. Ele lidou com o medo apontando para o Senhor e preparando o povo para a batalha. Sua abordagem poderia ser concomitantemente expressa em duas palavras: oração e persistência.